domingo, 18 de novembro de 2007

Entrevista de Cuca

Em entrevista concedida ao repórter Gustavo Rotstein, do Globoesporte.com, o técnica Cuca conta, entre outras coisas, como indicou Rodrigo Tabata ao Goiás.

A ENTREVISTA:
Em sua curta carreira como treinador, Cuca tem se especializado em montar bons times com muitos jogadores desconhecidos. Ao que parece, a fórmula adotada pelo Botafogo em 2007, se valendo de atletas pouco conhecidos por causa das restrições orçamentárias, continuará no ano que vem. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Cuca explica de que forma buscará montar o elenco alvinegro para a próxima temporada.
- Quais são os critérios adotados por você quando observa um jogador?
Cuca – O primeiro é a qualidade. Não adianta ser boa pessoa e não jogar nada. O segundo é o caráter. Para isso, costumo conversar com pessoas que tenham convivido com o jogador. Também é preciso não ter preconceito quanto à raça, hábitos e estilo de vida da pessoa.

A idade do jogador conta na hora de estudar sua contratação?
Sim. Buscamos de preferência jogadores jovens, para que o clube tenha retorno financeiro ao negociá-lo futuramente. A gente não pode deixar de pensar nisso quando traz um jogador. É preciso pensar nos frutos que ele pode trazer para o clube em termos financeiros.

Como você faz para observar jogadores?
Assisto a muitas partidas, assim como as pessoas que trabalham na minha comissão técnica. Mas também tenho amigos por todo o Brasil que me indicam jogadores desconhecidos com potencial. Quando eles me apontam um nome, ouço com carinho.

Tem algum exemplo de um jogador que deu certo observado dessa forma?
Uma vez um cara me colocou para ouvir a torcida do Campinense (PB) gritar o nome de um jogador durante uma partida. Primeiro achei que não era nada demais. Mas observei algumas partidas dele e depois fiz com que o presidente do Goiás fosse vê-lo jogar. Era o Rodrigo Tabata.

Como saber se um jogador que defende um clube de menor expressão ou atua nas categorias de base de um clube pode render bem nos profissionais do Botafogo, por exemplo?
É preciso observar o jogador em mais de uma partida. Além disso, às vezes a conversa ajuda. Vi que o Anderson (meia do Manchester United) tinha personalidade no refeitório do Grêmio. Fui questioná-lo sobre uma situação, e ele me disse que era melhor do que os meus. Eu disse a ele que provasse dentro de campo. Então o puxei dos juniores e o coloquei para jogar num Gre-Nal. Com 15 minutos de partida a torcida do Grêmio já gritava o nome dele.

Você sente resistência da torcida quando o Botafogo contrata jogadores que vêm das Séries B ou C?
Sinto. A torcida quer ver jogador consagrado, aquele que o motiva a ir até o aeroporto recepcioná-lo. Sabemos que isso é muito difícil para o Botafogo, mas antes os torcedores não sabiam quem eram André Lima, Leandro Guerreiro e Jorge Henrique. Eles corresponderam e hoje estão identificados com o clube.

É difícil acertar em contratações como essas que você citou?
Os riscos de erro e acerto estão muito próximos nesta situação. O Botafogo traz atletas a custo zero, diferentemente de outros clubes, que podem pagar por empréstimos ou contratações. Mas eu aprendi a trabalhar com menos recursos. Sei trabalhar dessa forma.

Tem algum exemplo, além do Botafogo, de time montado com jogadores menos conhecidos que deram certo?
Quando fui para o São Paulo, em 2004, pedi a contratação de Danilo, Fabão e Grafite, que estiveram comigo no Goiás. Todos vingaram no São Paulo e as apostas se confirmaram.

E as decepções?
Há muitas decepções, mas não gosto de citar nomes. É que às vezes o jogador não se encaixa no time. Tanto é que muitos se surpreendem quando o cara sai do clube e deslancha em outro lugar. É comum acontecer, mas é que falta química.

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